sábado, 18 de setembro de 2010

A história ao contrário

Encontrei-te na masmorra. Eu, que sempre esperei na torre mais alta do castelo, fui obrigada por uma força (que nem sei qual é) a descer as escadas infindáveis da torre e procurar-te pelo castelo para te salvar, quando era suposto ser o contrário.
Armei-me em princesa moderna: tirei os saltos altos, apanhei o cabelo de forma desajeitada e sem olhar ao espelho, troquei o vestido lindo por uma t-shirt e uns calções curtos. Respirei fundo. Abri a porta do quarto mais alto do castelo e saí.
Vi o dragão que não mataste. Pensei no quão ridículo seria eu lutar com o dragão na tua vez... Então achei por bem arranjar um plano alternativo: passar por ele à socapa (SIM! Sou corajosa mas nem tanto!).
Eu não podia acreditar no que os meus olhos viam: tinhas feito setinhas a indicar o caminho para onde estavas.
"Será armadilha? Será que na hora em que eu for pegar o queijo, me cortam a cabeça?", abanei a cabeça para afastar este pensamento: "Que se lixe!". Segui as tuas setas desajeitadas. E ali estavas tu: preso na masmorra.
O meu coração ficou apertadinho só de olhar para ti ali, naquele mesmo sítio onde eu própria já havia estado acorrentada.
"Eu estou aqui.", disse eu.
Tu olhaste para mim e, ainda acorrentado, sorriste. Como se tivesses visto uma luz ao fundo do túnel. Eu corri para te salvar, movida de novo por aquela força que não tinha sequer muita razão lógica de existir.
Ouvi um qualquer barulho do dragão no outro lado do castelo e lembrei-me que tinha que me apressar para salvá-lo. Ouvimos os passos do dragão a caminhar na nossa direcção e estremecemos.
Abracei-te.
"Tudo se vai resolver, eu estou aqui."
Mesmo acorrentado, abraçaste-me.