sábado, 5 de dezembro de 2009

Conversas de Ju&Cu

"There are those among us who are blessed with the power to save what is loved by another. But powerless to use this blessing for love themselves." in video novo da Alicia Keys


"Começo a achar que somos realmente nós o problema..." E foi assim que começou a nossa longa conversa. Há quem saia a matar, há quem fique a aplaudir e depois existem aqueles que ficam a lamentare, depois ficam ainda os que se limitam a criticar. Já nem sei a qual destes pertencemos. Só sei que a vida passa a mil à hora e nós ainda aqui estamos a tentar perceber como vamos agir.
Somos racionais demais. Pensamos muito antes de agir. Estamos sempre a pensar que vamos magoar alguém, sempre em pézinhos de lã para não pisar ninguém, para ninguém dar pela nossa presença...
Até aqui achamos que tudo é fácil, que somos muito fortes. Mas chega a uma determinada altura em que começamos a perceber que não é essa a essência da questão: não somos fortes, simplesmente nunca fomos para a luta. Como pode alguém dizer que é forte se nunca esteve na frente de batalha? Nós somos assim. Acabo por concluír que perdemos o que tinhamos porque não lutámos.
Como tu dizes: "vivemos na bolinha de sabão e o tempo avança a uma velocidade que se torna nossa inimiga, por vezes." Perdemos tempo a pensar "porquê que não deu?" em vez de "Como posso lutar? O que posso fazer para mudar?". "esperamos pelos outros e não gostamos de ser os guias. Temos sempre medo de falhar. Depois há sempre quem acerte e, esses sim, são os que lutam de verdade!"
Pois é... Essas pessoas sabem o que querem, lutam e conseguem. Devemos assim julgar quem luta, quem passa por cima de algumas pessoas? Julgar quem apenas quer ser feliz? Afinal quem é que está errado(?): quem luta ou que está a ver a vida passar?
Pergunto-me a mim mesma: "Porquê que o julgas a ele Joana? Afinal, diz-me o que fizeste TU, Joana?!" Se eu pensar bem, chego à conclusão que não fiz nada. Absolutamente NADA. Limitei-me a ter medo das reacções de terceiros, medo de como muita gente ia sofrer, bla bla bla... Com tanto medo, fiquei eu a arder!
"Basicamente foi isso... Tiveste medo, fugiste mas puseste a culpa nele... mas fugiste tanto quanto ele!"
E se eu tivesse sido uma pessoa decente? Se eu tivesse lutado? Se tivesse ficado ali firme, aguentando aquilo tudo de pé? Mas não. O quê que eu fiz? Fugi. Chorei que nem uma criançinha que acaba de confessar à mãe que roubou o rebuçado. Fugi. Ignorei. Simplesmente, desapareci. [...]
Isto não era para falar sobre mim. Apenas para exemplificar o quanto somos cobardes. A minha cobardia e falta de coragem [ que eu tanto critico nele!] fez com que eu ficasse apenas com o NADA e com o "SE..." . E garanto-vos que é a pior coisa com que se pode ficar. Há sempre algo mais que podemos fazer.
A nossa cobardia aumenta ainda quando dizemos que não queremos magoar ninguém. Pura mentira. A única coisa que não queremos é sermos culpados pelas nossas acções. Temos medo de magoar? NÃO! Temos medo é que nos apontem o dedo por sermos causadores da dor de alguém. Ninguém quer ser o mau da fita. Mas, a verdade é que há sempre alguém que sofre, que se magoa. [...]
Hoje um amigo disse "Temos que aplanar a nossa estrada e tirar-lhe os montes e vales". É mesmo isso: nós achamos que somos muito fortes, muito valentes, muito decididos, muito perfeitos, muito tudo. Criamos montanhas enormes que impedem o nosso próprio caminho de ser plano. E depois criamos ainda vales super profundos: profundos arrependimentos, profundas mágoas, profundas raivas e ódios.
Sinto-me tão... humana. Tão pó.
Porquê que não deixamos o amor simplesmente vir em nossa direcção? O caminho é plano. Nós é que construímos os vales e as montanhas que atrapalham a sua chegada até nós quando começamos a querer que tudo tenha lógica e explicação.

Nós somos assim: capazes de salvar vidas, capazes de ajudar toda a gente, capazes de fazer toda a gente estar feliz, sermos umas super-heroínas. Sabemos sempre quando alguém precisa de nós. A única coisa que não sabemos é usar esse poder connosco. Resolver os nossos problemas com essa mesma força.

"Há aqueles entre nós que são abençoados com o poder de salvar o que é amado por outra pessoa. Mas sem poder usar esta benção se para amarem a si mesmos." [tradução da frase inicial]

1 comentário:

Lili disse...

Bem...estou a bater um bocadinho mal.
Ler isto foi dificil...tive de parar várias vezes, confesso.
Porque parei? Porque fugi...porque enfrentar e assumir as nossas acções é, e sempre foi, a tarefa mais complicada.

Se por vezes vivo frustrada porque as coisas não dão certo, porque quero agir e a insegurança me domina...ha outras em que já assimilei tanto que á assim que sou que nem penso em agir de outra forma.

Eu fujo muitas vezes, sempre a pensar que estou a fazer omelhor. Para os outros ou para mim? Não sei,mas fugir não tem sido definitivamente a opção correcta.

Obrigado joana :)